Cleira Martys Pinto
de Queiroz Batista
Pedagoga e Artista
Visual
A cidade de Peixe mesmo sendo secular não possuí muitos
registros históricos, o que se aprende vem sendo transmitido oralmente de
geração em geração por meio de narrações
orais dos seus munícipes mais velhos.
Assim a respeito da origem do nome da cidade sabe-se que
na região onde atualmente é o município de Peixe, antes (século) havia apenas
um porto de pequeno porte onde um senhor, lavrador possuía uma roça e uma
embarcação pequena para fazer o translado necessário no rio Tocantins. Neste mesmo local (o porto) as
pessoas passavam com muita frequência oriundos de Goiás com destino a
Natividade, São José do Duro e também chapada dos Negros geralmente a procura das
ricas jazidas de ouro que nessa época eram muito latente, no entanto, mesmo com
toda movimentação no pequeno Porto as pessoas eram atacadas frequentemente
pelos índios Avá-Canoeiros (atualmente uma tribo ameaçada de extinção).
É
importante enfatizar que os ataques à comunidade que moravam ás margens do
porto local, ocorriam devido a invasão dos maíras (brancos) a uma região que em
outrora era habitada apenas pelos índios Avá-canoeiros, sentindo-se ameaçados
usavam seu instinto guerreiro na defesa de seu território, esses índios tinham
uma capacidade muito grande de resistência e também boas táticas de guerra,
além de saber como ninguém uma forma própria de ocultamento ou camuflagem, só
deixando ser percebido, quando queriam.
Avá significa gente, homem e a denominação de Canoeiro
pela destreza que esses índios tinham de navegar pelas fortes correntezas do
Rio Tocantins e outros rios, os índios Canoeiros eram tribos nômades, que viviam desde São José do
Tocantins( Niquelândia) ao Descoberto da Piedade(hoje Porangatu), percorriam
ainda a região onde hoje é Peixe, a
Natividade, Palmas, à aldeia de São José do duro e também ao Arraial da chegada
do Carmo. De acordo alguns estudiosos a denominação aos índios de Canoeiros,
foi lhes pelos garimpeiros portugueses que exploravam as terras do norte do
País, ainda ressaltam que eram índios
aguerridos, incendiários e sanguinários, devido se sentirem ameaçados, pois não
aceitavam de forma alguma o convívio com os brancos, buscando a preservação
individual e cultural de sua gente.
Com o intuito de preservarem suas origens, não aceitaram
o convivo com os maíras (brancos), então se espalharam por algumas áreas dos
estados do Tocantins, Goiás e Minas Gerais, sempre mantendo-se isolados e
espalhados pelas matas e cerrados dessas regiões, com essa tática de
sobrevivência os herdeiros da cultura Avá conseguiram manter e preservar a integridade de sua humanidade e
sua identidade.
Atualmente no Estado do
Tocantins os índios Canoeiros encontrados, estão localizados na Ilha do Bananal, sendo que
todos os indivíduos já contactados estão localizados na Aldeia Canoanã.
Portanto, devido os constantes ataques dos índios
Canoeiros às tropas da coroa portuguesa e aqueles que moravam perto do rio
Tocantins foi designado para vir residir junto ao porto local o Aferes Alfredo Ramos
Jubé que chegou com 25 praças a seu comando, com o objetivo de garantir a
segurança das pessoas na passagem do supramencionado rio e também para procurar o tesouro das
Itans. A palavra Itans é uma palavra tupi, e significa – Pedra das Conchas,
pois no rio Santa Tereza, naquela longínqua época, encontrava-se as referidas
conchas. O tesouro das Itans segundo a lenda foi deixado pelos jesuítas que ao passarem catequizando na região encontraram este valioso tesouro junto ao arraial das
Itans e o deixou com os dizeres: “Na mais alta pedra do Rio Santa Tereza, em um
lugar denominado Itans, está sepultado o maior tesouro dos Jesuitas”.
Com esses dois objetivos em mente o alferes Alfredo Ramos
Jubé constrói um forte que para aquele período seria a primeira moradia de
telha erguida próxima ao rio onde passou
a residir com seus comandados. Com a proteção do Alferes o povoado foi
aumentando o número de pessoas à beira do porto local oriundas em sua maioria
do Carmo, Natividade, Paranã, Conceição do Norte, Porto Nacional dentre outros
lugares de regiões distintas país.
De acordo contam, os primeiros habitantes junto ao porto
local foram Francisco da Silva Montes e
Joaquim Tavares ( o primeiro passador do porto na pequena embarcação de
madeira, canoa) e seus filhos Teotônio e Raimundo Tavares de Brito, que também
auxiliaram Ramos Jubé nas escaramuças aos índios
Canoeiro.
Ainda sobre o rico tesouro deixado no lugar denominado
Itans pelos Jesuítas, mesmo após muitas expedições do Alferes e seus comandados
jamais foram encontrados algum vestígio
do tão afamado tesouro, assim é mais uma lenda que permeia a realidade da
comunidade peixense.
O povoado crescia com a pacificação do alferes. Então,
Ramos Jubé construiu a primeira casa de oração, onde atualmente está localizada
a Praça Jetúlio Vargas. Antes mesmo de concluir a igreja foi introduzida a
imagem de Nossa Senhora da A`Badia , considerada uma das mais belas obras do
famoso escultor e santeiro goiano Veiga Vale. A introdução da Santa na igreja
também é cercada por mistérios e milagres, pois
de acordo contam os munícipes que a imagem foi trazida em um caixote de
pinho, e carregada nos ombros por Marcelino Gonçalves, descendente de escravo.
A viagem com a santa de Vila Boa de Goiás até o povoado foi realizada a pé e
durou quinze dias, chegando ao povoado em 10 de agosto de 1825.
Ainda contam que a devoção a Nossa Senhora da A`Badia foi
em cumprimento a uma promessa feita para que os índios Avá-Canoeiros cessassem
seus ataques ao Arraial, e que após a
chegada da referida imagem ao local descrito, nunca mais os índios Canoeiros
voltaram a atacar.
O Alferes Alfredo Ramos Jubé anos depois foi acometido
pelo mal denominado impaludismo (malária)
e acabou falecendo sem que houvesse tempo para trazer sua família que
vivia em Vila Boa de Goiás para o povoado.
O povoado passou por vários momentos e nomes, a principio
chamou-se santa Cruz da Itans, em alusão ao tesouro deixado pelos jesuítas e nunca
encontrado mas muito desejado por todos
que por essa região passaram. Mas alguns tempos depois durante o período
chuvoso às águas do Rio Tocantins se avolumaram ocorrendo uma grande enchente nunca
vista na região. As águas revoltas despejaram nas vazantes, indo atingir uma
grande lagoa localizada a dois quilômetros do centro da atual cidade de Peixe. Dias
se passaram até que as águas baixaram, então, um peixe de tamanho
descomunal ficou preso nos sarãs da
lagoa vindo a morrer quando o Rio Tocantins voltou ao seu curso natural. Os
moradores contam que o peixe era tão grande que quatro mulheres batiam roupas
para lavar em sua cabeça.
Onde o peixe morreu ficou a carcaça e ali era caminho
onde passavam muitos viajantes e uma das primeiras caravanas que vinham de Vila Boa de Goiás com destino a Natividade
viram a tal carcaça e começaram a espalhar de boca em boca, o quão grande era a
carcaça do peixe, assim os passantes começaram a falar apenas: “vamos passar
pelo rio onde foi encontrado o peixe”. Mas com o passar dos dias foram
abreviando a frase até dizerem apenas: passaremos pelo peixe, dessa forma o
nome do povoado foi ganhando vida própria e todos só se referiam ao local como
Peixe.
É de fundamental importância evidenciar que o
córrego por onde o peixe subiu também ficou conhecido como córrego do Peixinho
e a lagoa onde o peixe foi encontrado também ficou conhecido como Lagoa do Peixe.
Mesmo as pessoas chamando o povoado de Peixe ainda
tentaram batizar o local como Vila do Espirito Santo de Peixe, após a
promulgação da Lei Provincial nº 13, de 31 de junho de 1846, onde o Arraial foi
elevado à categoria de Vila do distrito
do Município de Palmas(atualmente Paranã).
Muitas pessoas vieram para a Vila do Espirito Santo de
Peixe dentre as quais pode-se citar o Sr. Narciso Ponce Leones, Elizeu Augusto
Canguçu, Antônio José de Almeida, Pedro
Pinheiro de Queiroz dentre outros que ajudaram a construir a história e a
identidade do povo peixense. No entanto, os supracitados deram inicio ao
primeiro trabalho politico com intuito a
elevação de Vila à categoria de cidade.
A elevação de vila a cidade aconteceu graças ao prestigio
e atuação incansável do Senador Domingos Teodoro e o Deputado Candido Teodoro, representantes
legais da região frente ao governo de José L. Xavier de Brito em de junho de
1895. Com a Lei Estadual nº 64, de 20 de
junho de 1895, deu autonomia política ao Distrito de Peixe, com o mesmo
topônimo, desmembrando-o do Município de Palmas (hoje Paranã) e instalando-o
neste mesmo ano.
Posteriormente,
em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1936, o Município de Peixe
apareceu com o nome de Santa Terezinha, o qual não foi aceito pela comunidade.
Finalmente, novamente pelo Decreto-Lei Estadual nº 557, de 30 de março de 1938,
apareceu com o nome atual.
Com o
desmembramento a cidade ficou localizada a uma latitude 12º01'30" sul e a uma longitude 48º32'21" oeste, estando a uma altitude de
240 metros. Sua população atual está estimada 10.384 habitantes
segundo o último senso.
Peixe faz limites ao Norte: Brejinho de Nazaré; Sul: Talismã
e Jaú do Tocantins; Leste: Paranã, São Salvador do Tocantins e São Valério;
Oeste: Gurupi e Sucupira. Possui uma rica
hidrografia a citar os rios: Tocantins, Canabrava, ribeirão Alagadiço, Tucum,
Gameleira e ainda os córregos Traira, Fundo, Arapuã, Porteiras, Mucumba e Peixinho.
Referencias bibliográficas:
INSTITUTO Sócioambiental. Enciclopédia dos Povos Indígenas no
Brasil. Disponível em: <http://www.socioambiental.org/pib/epi/ava/ava.shtm>. Acessado em:
<18 2011="" de="" mar="" o="">18>
<18 2011="" de="" mar="" o="">18>
Divisão Territorial do Brasil. Divisão
Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de
outubro de 2008.
Tribo
Avá-Canoeiro: a história de um "povo invisível" nas matas do país.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T9hSRn2UuF4 >. acessado em: <20 2013="" de="" setembro="">.20>
Relatos Orais de anciães locais.
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