O paradigma educacional emergente
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente.11 ed. São Paulo: Papirus, 1997;Capítulo 5 “O paradigma educacional emergente”.
Cleira Martys Pinto de Quieiroz Batista
Muitos estudiosos dedicam seu tempo em explorar os diversos campos da educação e também a evolução dos recursos tecnológicos juntamente com os benefícios que estas técnicas vêem trazendo para a educação vigente na melhoria da qualidade de ensino. Nesta perspectiva, Moraes apresenta um olhar criterioso no capitulo 05 discorrendo sobre a temática – O paradigma educacional emergente, a autora, Maria Cândida Moraes é doutora e professora em Educação pela PUC/SP e Mestre pelo Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE/CNPq. Professora de Pós-Graduação em Educação na UCB/DF e do Programa Máster em Educação da Univ. de Barcelona. É também pesquisadora do grupo GIAD/DOE/UB e co-coordenadora da Rede Internacional de Ecologia dos Saberes/UB. Durante 10 anos foi professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC/SP. Consultora e conferencista nacional e internacional. O texto convoca o leitor a fazer uma análise dos novos paradigmas educacionais que surgem.
Em suas primeiras reflexões, Moraes aborda as necessidades das novas exigências para que o homem possa sobreviver no mundo contemporâneo, bem como os novos caminhos educacionais em prol de mudanças significativas, tendo como objetivo principal a qualidade de ensino no âmago escolar. Assim, ela questiona a maneira como está acontecendo à formação do individuo no referido espaço, como é possível sair do esquema rígido para sistemas mais abertos de educação, onde sejam oportunizadas novas concepções pedagógicas.
A autora enfatiza que houve mudanças significativas na missão da escola, esta que antes não se preocupava com as individualidades e particularidades do educando, passa então a valorizá-lo como um todo, com fulcro na ciência cognitiva e na neurociência. O aprendiz é definido como um ser único desde o seu nascimento, é dotado de inteligências múltiplas e possui um estilo próprio de aprender, em uma busca constante de significados para sua existência.
No tocante a linha tênue do ensino à aprendizagem, Moraes destaca Chiarottino e Piaget para concluir suas definições de que “aprender é tornar possível à transformação do individuo sobre o objeto”, ou seja, de posse do conhecimento o individuo irá usá-lo para inferir na realidade na qual está inserido. Entretanto, para que isso aconteça o aprendiz passa por processos de assimilação, acomodação e auto-organização, que ocorre entre o sujeito e o objeto.
Moraes questiona ainda, sobre como preparar o individuo em uma sociedade em constante transformação. Para responder a estes anseios faz-se necessário uma reorganização das estruturas mentais, pois tudo aquilo que não passa por este processo não é incorporado na mente ou em qualquer outra parte do organismo biológico. Dessa forma, a função do educador enquanto mediador do conhecimento é propor situações problemas e desafiantes a serem vencidas pelos alunos, para que possa de fato construir conhecimento, aprender.
Diante dessa nova realidade educativa torna-se essencial desenvolver nos ambientes de aprendizagem a autonomia dos discentes e docentes, levando em consideração que diariamente ambos aprendem e reaprendem conceitos, portanto, devem estar aptos a aprender a aprender. Esta realidade necessita de um currículo que contemple o paradigma emergente. Este por sua vez deve ser construído a partir da interação do sujeito com o meio ambiente, priorizando a interdisciplinaridade e as peculiaridades locais, reafirmando o sistema educacional como um sistema aberto, vivo. Tanto para o planejamento quanto para a pratica pedagógica é necessário compreender os processos de interação e reflexão diante dos novos paradigmas. Lembrando ainda, que a aprendizagem ocorre de maneira eficaz e prazerosa quando existe a interação entre a escola ( educador,educando, e equipe pedagógica), e todos os segmentos sociais e culturais.
Dessa forma, o papel do educador-educando é garantir que a aprendizagem aconteça a partir das interações situacionais vividas no cotidiano, tendo como fator relevante, que um não existe sem o outro e principalmente que a valorização do conhecimento prévio é crucial na construção de novos conceitos.
A autora fundamenta-se em diversos teóricos para questionar a existência de uma única inteligência ou se estas são múltiplas. Ela afirma que é através do processo de adaptação às novas situações que as estruturas da inteligência muda. Assim, o comportamento inteligente se expressa no individuo por meio da ação do mesmo ao descobrir uma nova estratégia de aprendizagem, ao incorporar a realidade, em modificar-se para a ela se adaptar.
Moraes cita Gardner, fazendo referencia quando o mesmo observa em seus estudos o funcionamento da mente, enfatizando que o homem pode ter habilidade em determinado campos e em outro não, isso ocorre porque há variáveis de inteligências. Para esse teórico o importante era defender a existência de diferentes formas de cognição, isto é, múltiplas inteligências. Evidenciando a impossibilidade em educar o individuo sem ter como fator relevante a coletividade na formação do mesmo.
Segundo alguns estudiosos abordados por Moraes, a intuição está intrinsecamente ligada ao processo criativo do individuo. Entretanto, ainda é pouco explorada no campo educacional, este valoriza muito mais os processos racionais que os intuitivos, que são a fonte da criatividade. Diante do exposto faz-se necessário repensar a escola, o currículo, as metodologias, os ambientes de aprendizagem, a formação docente de maneira a incluir estratégias que cultivem a espontaneidade, o processo e o espírito criativo do educando.
Ao observar as novas demandas educacionais, a visão ecológica é compreendida como interdependência e interação entre os organismos vivos e o mundo da natureza e esta como um conjunto de todos os seres. Todavia a percepção ecológica torna o individuo compreensível em relação aos outros e ao mundo, isso implica em uma visão de princípios éticos responsáveis pela intermediação das relações interpessoais e sociais de um sistema global da ecotecnologia. De acordo com esta abordagem, Moraes propõe pensar em uma educação futura voltada para a melhoria da qualidade de vida, onde o individuo possa reforçar sua relação com a realidade na qual está inserido.
Esta realidade da qual o individuo faz parte interage com o sistema nervoso, definindo-se como um quesito formador do mesmo, favorecendo a evolução das competências intelectuais, deixando claro que os meios culturais fornecem materiais em maior abundancia, facilitando o aprendizado construtivo. Uma vez que o aprendiz está inserido no contexto social e não deve jamais ser visto isolado da comunidade. Então, a interdisciplinaridade é fundamental para evitar a fragmentação da aprendizagem, haja vista que atualmente prioriza-se uma educação cujo foco é o individuo contextualizado.
O trabalho realizado com o texto O paradigma educacional emergente sugere uma educação voltada para o comprometimento com a qualidade de ensino valorizando e sabendo explorar as novas técnicas dentro do âmbito escolar do educando. No entanto, é de grande valia ressaltar que os assuntos abordados no mesmo ainda são palco de muitas discussões, e o que para alguns pode ser considerado um sonho distante para outros já é realidade. É a educação em consonância com as transformações do cotidiano, melhorando qualitativamente a aprendizagem dos educando e do educador dos dias atuais.
quarta-feira, 31 de março de 2010
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